• Anarquia ou Barbárie, Manifesto
  • Biblioteca
  • Linha Editorial
  • Sobre
  • Vídeos

Anarquia ou Barbarie

~ A anarquia é a percepção ecológica da sociedade, é o entender a participação livre de cada membro da coletividade como fundamental para a existência, para o exercício da verdadeira cidadania que é viver na coletividade respeitando a diversidade. Anarquia é coletivamente sermos o poder, é todos nós decidirmos em conjunto, de forma horizontal o que fazermos em nossas vidas e em nossos bairros, cidades….

Anarquia ou Barbarie

Arquivos Diários: 02/01/2015

ANARQUISMO E ECOLOGIA

02 sexta-feira jan 2015

Posted by litatah in Anarco Ecologia, Anarquia Verde, Murray Bookchin, Teoria

≈ Deixe um comentário

Tags

anarcoecologia, anarquia, anarquia verde, Murray Bookchin

ecoanarquismo

Por Murray Bookchin

Fonte: Canto Libertário 

O anarquismo não se limita apenas a idéia de criar comunas independentes. E, se me detive a examinar esta possibilidade, foi apenas para demostrar que, longe de ser um ideal remoto, a sociedade anarquista tornou-se um pré-requisito para a prática dos princípios ecológicos. Sintetizando a mensagem crucial da ecologia, diremos que, ao reduzir a variedade no mundo natural, estaremos aviltando sua unidade e integridade, destruindo as forças que contribuem para a harmonia natural e para o equilíbrio duradouro e, o que é ainda mais importante, estaremos provocando um retrocesso no desenvolvimento do mundo natural. Retrocesso que poderá eventualmente, impedir o aparecimento de outras formas mais avançadas de vida.

Sintetizando a mensagem reformadora da ecologia, poderíamos afirmar que, se desejamos promover a unidade e estabilidade do mundo natural, tornando-o mais harmonioso, precisamos estimular e preservar a variedade. Mas estimular a variedade pela variedade seria um vazio. Na natureza, ela surge espontaneamente.

As possibilidades de sobrevivência de uma nova espécie são testadas pelos rigores do clima, pela sua habilidade em enfrentar seu inimigos, pela sua capacidade de estabelecer e ampliar o espaço que ocupa no meio ambiente. Entretanto, qualquer espécie que consegue aumentar seu território estará, ao mesmo tempo, ampliando a situação ecológica como um todo. Citando A. Gutkind, ela estará “ampliando o meio ambiente tanto para si própria quanto para qualquer outra espécie com a qual mantenha um relação equilibrada”.

Como aplicar este conceito a teoria social? Creio que para muitos leitores bastaria dizer que, na medida que o homem é parte da natureza, a ampliação do meio ambiente natural implicaria um maior desenvolvimento social. Mas a resposta para essa pergunta é bem mais profunda do que poderiam supor ecológicos e libertários. Permintam-me retornar mais um vez a idéia ecológica que afirma ser a diversidade uma consequência da integridade e do equilíbrio. Tendo em mente essa idéia, o primeiro passo para encontrar a resposta seria a leitura de um trecho da Filosofia do anarquismo de Herbert Read, onde, ao apresentar seus “critérios de progresso”, ele observa que o progresso pode ser mediado pelo grau de diferenciação existente na sociedade. Se o indivíduo é apenas uma unidade da massa coletiva, sua vida será limitada, monótona e mecânica. Mas, se ele for uma unidade independente, poderá estar sujeito a acidentes ou azares da sorte, mas ao menos terá a chance de crescer e expressar-se. Poderá desenvolver-se – no único sentido real do termo – na consciência de sua própria força, vitalidade e alegria.

Embora não tenha encontrado seguidores, as idéias de Read nos fornecem um importante ponto de partida. O que primeiro nos chama a atenção é o fato de que, tanto ecologista como anarquista ressaltam a importancia da espontaneidade.

Na medida em que é mais que um simples técnico, o ecologista tem um tendência a desprezar o conceito de “domínio sobre a natureza” preferindo falar em “conduzir” uma situação ecológica, em gerir um ecossistema, em vez de recría-lo. O anarquista, por sua vez, fala em espontaneidade social, em libertar o potencial da sociedade e da humanidade, em dar rédeas soltas a criatividade humana. Ambos vêem na autoridade uma força inibidora, um peso que limita o pontencial criativo de uma situação natural ou social.

Assim como o ecologista procura ampliar o alcance de um ecossistema e estimular a livre ação recíproca entre as espécie, o anarquista busca ampliar o alcance da experiência social e remover os obstáculos que possam impedir seu desenvolvimento. O anarquismo não é apenas uma sociedade sem governo, mas uma sociedade harmoniosa que procura expor o homem a todos os estímulos da vida urbana e rural, da atividade física e mental, da sensualidade não reprimida e da espiritualidade, da solidariedade ao grupo e do desenvolvimento individual. Na sociedade esquizóide em que vivemos, tais objetivos não só são considerados irreconciliáveis, como diametralmente opostos.

Uma sociedade anaquista deveria ser descentralizada, não apenas para que tivesse condições de criar bases duradouras que garantissem o estabelecimento de relações harmoniosas entre o homem e a natureza, mas para que fosse possível dar uma nova dimensão ao relacionamente harmônico entre os próprios homens. Há uma necessidade evidente de reduzir as dimensões das comunidades humanas – em parte para solucionar os problemas da poluição e em parte para que pudéssemos criar verdadeiras comunidades. Num certo sentido, seria necessário humanizar a humanidade. O uso de aparelhos eletrônicos, tais como telefones, telégrafos, rádios e televisão, como forma de intermedia a relação entre as pessoas, deveria ser reduzido ao mínimo necessário.

As comunidade menores teriam uma economia equilibrada e vigorosa, em parte para que pudessem utilizar devidamente as matérias-primas e as energias locais, e em parte para ampliar os estímulos agrícolas e industrias. O membro da comunidade que tiver inclinação para engenharia, deveria ser encorajado a mergulhar suas mãos na terra, o intelectual a usar seu músculos, o fazendeiro a conhecer o funcionamento da fábrica. Separa o engenheiro da terra, o pensador da espada, o fazendeiro da fábrica, gera um grau de superespecialização, onde os especialistas assumem um perigoso controle da sociedade.

Uma comunidade auto-suficiente, que dependesse do meio ambiente para sua subsistência, passaria a sentir um novo respeito pelas inter-relações orgânicas que garantem sua sobrevivência. Creio que longe de resultar em provincianismo, essa relativa auto-suficiencia criaria uma nova matriz para o desenvolvimento do indivíduo e da comuna – uma integração com a natureza que revitalizaria a comunidade.

Se algum dia tivermos conseguido ter na prática uma verdadeira comunidade ecológica, ela produzirá um sensível desenvolvimento na diversidade natural, formando um todo harmônico e equilibrado. E, estendendo-se pelas comunidades, regiões e continentes, veremos surgir diferentes territórios humanos e diferente ecossistemas, cada um deles desenvolvendo suas próprias potencialidades e expondo seus membros a uma grande variedade de estímulos econômicos, culturais e de conduta. As diferenças que existem entre indivíduos serão respeitadas como elementos que enriquecem a unidade da experiência e do fenômeno. Libertos de uma rotina monótona e repressiva, das inseguranças e opressões, da carga de um trabalho demasiado penoso e das falsas necessidades, dos obstáculos impostos pela autoridade e das compulsões irracionais, os indivíduos estarão, pela primeira vez na história, numa posição que lhes permitirá realizar seu potencial como membros da comunidade humana e do mundo natural.

(em: O Anarquismo Pós-Escassez, 1974)

Compartilhe isso:

  • Twitter
  • Facebook
  • Tumblr
  • LinkedIn
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...
Follow Anarquia ou Barbarie on WordPress.com

Categorias

Anarco Ecologia Anarco Feminismo Anarco Primitivismo Anarcosindicalismo Anarquia Anarquia Verde Anti Capitalismo Anti Consumismo Anti Fascismo Anti Homofobia Anti Machismo Anti Misoginia Antirracismo Anti Transfobia Análise de Conjuntura, Partidos, Institucionalidade, Aquecimento global - Mudanças climáticas Comunicação Libertária Curdistão/Kobane Experiências anarquistas Feminismo e Transfeminismo Feminismo intersecional História Internacional anarquista Manifestações Organização de base Presos Políticos Prática Revolução Sem categoria Teoria

Anarcolinks

  • A.N.A – Agência de Notícias Anarquista
  • Anarkismo.net
  • Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)
  • Federação Anarquista do Rio de Janeiro – FARJ
  • Federação Anarquista Gaúcha – FAG
  • Federación Anarquista de Rosário
  • Federación Anarquista Uruguaya – FAU
  • GAIA – Justiça Ecológica
  • Liga Anarquista – RJ
  • Literatura Anarquista
  • Portal Anarquista – Coletivo Libertário Évora
  • Protopia
  • Solidaridad Kurdistán
  • Solidariedade à Resistência Popular Curda
  • Unio Mystica

Curta Nossa Fan Page

Curta Nossa Fan Page

Siga-me no Twitter

Meus tweets

Calendário

janeiro 2015
D S T Q Q S S
« dez   fev »
 123
45678910
11121314151617
18192021222324
25262728293031

Tags

23 presos a anarquia é a mais alta expressão de ordem anarco anarco-ecologia anarco-sindicalismo anarcoecologia anarcofemin anarcofeminismo anarcoprimitivismo anarquia anarquia e arte anarquia e feminismo Anarquia em Portugal anarquia e ordem Anarquia na América anarquia na América do Sul anarquia na américa Latina anarquia na Espanha anarquia na Europa anarquia no reino unido anarquia nos EUA anarquia no século XXI anarquia ou barbarie anarquia verde anarquismo anarquismo na grécia anarquismo verde anarquistas Anti Fascismo Análise de conjuntura arte arte de luta arte e luta Bakunin bookchin cinema confederalismo democrático Curdistão Curdistão livre curdos ecofeminismo ecologia educação libertária emancipação feminina estado repressor feminismo feminismo curdo grécia História história da anarquia História do Anarquismo História Social indígenas Kobane kurdistan Malatesta manifestantes presos milícia curda mulheres curdas Municipalismo Libertário Murray Bookchin perseguição internacional PKK presos presos político presos políticos PT repressão repressão internacional revolução Rojava Teoria teorias anarquistas ypg YPJ

Anarquivos

Cancelar
loading Cancelar
Post não foi enviado - verifique os seus endereços de e-mail!
Verificação de e-mail falhou, tente novamente
Desculpe, seu blog não pode compartilhar posts por e-mail.
Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
%d blogueiros gostam disto: