• Anarquia ou Barbárie, Manifesto
  • Biblioteca
  • Linha Editorial
  • Sobre
  • Vídeos

Anarquia ou Barbarie

~ A anarquia é a percepção ecológica da sociedade, é o entender a participação livre de cada membro da coletividade como fundamental para a existência, para o exercício da verdadeira cidadania que é viver na coletividade respeitando a diversidade. Anarquia é coletivamente sermos o poder, é todos nós decidirmos em conjunto, de forma horizontal o que fazermos em nossas vidas e em nossos bairros, cidades….

Anarquia ou Barbarie

Arquivos de Categoria: Violência Racial

Encontrei um Amarildo

04 sexta-feira mar 2016

Posted by litatah in Amarildo, Cadê o Amarildo?, Cinema, Militarização das periferias, Periferias e Favelas, Perseguição política, Polícia, UPP, Repressão, Sem categoria, Violência, Violência Racial

≈ Deixe um comentário

Tags

amarildo, Arte é Diversão, arte de luta, arte e luta, Assembleia popular cinelândia, cadẽ o amarildo?, cinema, cinema é luta, O Estopim, policia, UPP, violência

maxresdefault (1).jpg

 

Entre interpretação e realidade, filme apresenta caso do desaparecimento de homem simples da Rocinha para colocar outras questões em pauta

Por Angélica Fontella

Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional

O Estopim

Dir. Rodrigo Mac Niven, Brasil, 2014

“A polícia informou…”, “o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro divulgou…”, “o secretário de segurança pública da capital fluminense declarou…” Frases como essas são usadas diariamente pela imprensa e, para o bem ou para o mal, muitas vezes representando uma ideia de verdade. Nas manifestações de 2013, múltiplas vozes tentaram se fazer ouvir e uma das 368 pessoas desaparecidas no estado do Rio de Janeiro em julho do mesmo ano (dados do ISP) se tornou símbolo: Amarildo de Souza. O morador da Rocinha – comunidade da zona sul carioca – desapareceu no dia 14 de julho de 2013, após ser abordado por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e conduzido “para averiguação” à sede da UPP. Nunca mais apareceu. Com intuito de abrir o debate sobre violência e projetos de militarização, foi produzido o documentário O Estopim, que estreou no Festival do Rio 2014, mas que ainda está sem previsão de lançamento.

Cena do cotidiano de Amarildo (Brunno Rodrigues) /DivulgaçãoCena do cotidiano de Amarildo (Brunno Rodrigues) /Divulgação

Escutas que reproduzem diálogos da rádio da Polícia Militar do Rio, no dia do desaparecimento de Amarildo (14 de julho), abrem o longa-metragem do cineasta Rodrigo Mac Niven, que já dirigiu Cortina de Fumaça (2010) e Armados(2012). O filme mescla ficção e documentário, contendo depoimentos de conhecidos de Amarildo e pessoas envolvidas no caso; além de cenas que reconstroem situações que teriam sido vividas por Amarildo, interpretado pelo ator Brunno Rodrigues, no filme, como cenas de trabalho e pesca. Segundo a esposa do pedreiro, pescar era seu único vício.

Quem guia o espectador durante os 82 minutos de exibição é o líder comunitário da Rocinha, Carlos Eduardo Barbosa, o Duda, quem motivou o diretor Rodrigo Mac Niven a realizar a produção. “Fui contagiado pela coragem de pessoas como Duda, amigo da família e um dos primeiros a fazer denúncias sobre o caso, além de instigar que outros também denunciassem abusos cometidos [pela polícia]”, declarou o diretor na sessão de lançamento, no último dia 29.

Duda, com toda simplicidade, um pouco atordoado com a atenção dedicada a ele no festival, assume nas telas a postura de narrador-personagem. Ele conta como Amarildo prestava pequenos serviços à sua lanchonete na Rocinha e como era prestativo com os demais moradores da comunidade. Duda conta que a ideia do filme é “abrir esse debate e conscientizar o poder público. E se for preciso, visitaremos todas as comunidades, para reunir lideranças e fazer com que as pessoas se sintam à vontade para buscarem os seus direitos, cortando o medo. Nosso maior inimigo dentro das comunidades é o medo da polícia”.

O lançamento do longa contou com a presença de políticos, atores e ativistas. André Ramiro, que interpretou o policial militar André Matias em Tropa de Elite (2007), comentou sobre a oportunidade de unir denúncia à profissão de ator: “acredito que teatro, cinema, dramaturgia também servem para informar, desenvolver intelecto, reivindicar e contestar, caso contrário, não seria arte”.

Brunno Rodrigues se sentiu honrado em participar da produção, “não somente por se tratar de um estopim para que a sociedade desperte para a politica pública equivocada que está sendo aplicada nas comunidades cariocas, mas também por ter sido trabalho profissional entre amigos”.

O filme aborda temas como segurança pública, desmilitarização da polícia e instalação de UPP’s de forma indireta, a partir de um mosaico de depoimentos. Entre as falas, são reconstruídas cenas que teriam feito parte do cotidiano de Amarildo, além de uma sequência marcante de tortura. “Foi angustiante, mas tudo foi feito com total segurança, e enquanto artista foi um prazer dar vida a uma situação como aquela que fomentará ainda mais a pergunta ‘o que aconteceu com Amarildo?’”, conta Brunno.

Embora dê margem para a elevação do personagem ao status de homem perfeito, a produção revela lado pouco falado nos grandes meios de comunicação, ao ouvir vozes dissonantes do discurso institucional sobre o caso. O Estopim foi realizado de forma independente e colaborativa, Mac Niven conversou individualmente com profissionais que conhecia e conseguiu recrutar equipe para produzir o trabalho. Mariana Genescá, produtora executiva do filme pela TVa2 Produções, lembra que o “caso Amarildo” foi, na verdade, pano de fundo para ilustrar uma realidade muito mais ampla, que vivemos todos os dias, o que explica a urgência do projeto. “Nem sequer buscamos patrocínio, até por acharmos que não conseguiríamos e queríamos ter liberdade pra falar e mostrar o outro lado. Cadê os moradores contando o que está acontecendo com eles mesmos?” explica. O longa ainda não tem contrato de distribuição.

Assista ao trailler:

Compartilhe isso:

  • Twitter
  • Facebook
  • Tumblr
  • LinkedIn
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...

O PAPEL DAS LINHAS AUXILIARES NA MANUTENÇÃO DA SUPREMACIA BRANCA

02 terça-feira fev 2016

Posted by litatah in Análise de Conjuntura, Partidos, Institucionalidade,, Antirracismo, Bandeiras de Luta, Esquerda partidária, Favela Vencerá, Gentrificação, Guerra às Drogas, Imaginário e Plano Simbólico, Linha auxiliar, Manifestos, Militarização das periferias, Mobilidade Urbana, Mobilização Quilombola, Moradia, Movimentos de Favela, movimentos sociais, Organização de base, Periferias e Favelas, Prática, Questão racial, Quilombolas, Racismo, Racismo ambiental, Remoções, Repressão, Revolta Popular, Teoria, Violência Racial

≈ Deixe um comentário

Tags

anti-racismo, antirracismo, democracia e protestos, favela, Favelas, Linha auxiliar, Linha auxiliar da burguesia, Linha auxiliar de governos, racial, racismo, racismo ambiental, violência, Violência Racial

linha-auxiliar3

Fonte: Favela Vencerá

 Por Aganju Shakur, articulador da Campanha Reaja ou Será Morta/o. 

Apontamentos estratégicos sobre a luta contra Genocídio do Povo Negro (II) 

Nós não amamos nossos opressores, não queremos agradá-los e esmolar seus cargos e editais. Estamos criando na prática autogestionária, autonomista, pan-africanista, uma ferramenta de autodefesa que tem criado incômodo nos comandos das policiais, nas tropas, nos governos genocidas de esquerda e direita e nos ativistas que vêem seu projeto governista afundar. Que afundem sozinhos, que mergulhem com sua mágoa entre vocês. Abandonem-nos.

Dr. Hamilton Borges Walê [1]

Já estamos em 2016 e dizem por aí que Oxalá vai reger o ano.  É verão e estamos nas ruas sangrentas da Bahia de Rui Costa (PT), onde, segundo dados sub-notificados da Central de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar da Bahia (Centel) [2], trinta pessoas foram assassinadas na cidade de Salvador no segundo fim de semana do ano. Interior adentro o rastro de sangue continua; três pessoas assassinadas no primeiro dia do ano em Cruz das Almas. Sete pessoas assassinadas em seis dias na cidade de Feira de Santana. Estamos na Bahia, terra desgraçada onde a cada cinco pessoas assassinadas pela polícia, cinco são negras.

Os dados são apenas números, tabulações e curvas de nível, não dão conta de dimensionar o terror racial nas ruas, muito menos o assombro que causam os miolos espalhados no asfalto, a dor dos ossos quebrados em torturas e da carne lacerada por disparos de arma de fogo. Os dados não mensuram a neurose. Você fica em uma neurose tá ligado cêro. Aquela sensação, quase uma certeza, que será o próximo corpo abatido.  Aí você sai de casa e tem a convicção que pode não voltar. A neurose do motor à diesel e giroflex. Trombou de frente com a tático na madruga já sabe; entrou na mala, amanheceu na vala, no Cia ou na Estrada das Águas, todo picotado e embalado para viajem pro fundo da represa.

Há também uma atmosfera de medo. O medo da morte prematura; de deitar na cova rasa, seja por bala ou pela maca. O medo de ser impedido de criar seu rebento; ou de nunca ter. O medo de não brincar com seus netos. O medo de nunca mais ver a pessoa que ama, de nunca mais sentir o cheiro dela ou de não sentir o peso de suas coxas sobre seu corpo.  O medo de burlar a ordem natural das coisas e ser enterrado por sua mãe. O medo de adormecer; dos repetidos pesadelos, torturado na mata; chute no saco, costela quebrada e tiro na cara. Você começa a ver os rostos deformados dos pivetes bagaçados; ouvir as súplicas das tias por justiça e o clamor por vingança dos país. O medo de não cumprir a simples tarefas de contabilizar e nominar os corpos. A neurose do arrebento.

Estamos na Bahia, onde está lotado o Quartel dos Aflitos, o mais antigo quartel da Polícia Militar do Brasil. Aqui a polícia que mais mata no mundo ainda ganha gratificação financeira. Jovens negros são assassinados todos os dias prematuramente por disparos de arma de fogo.  Há um aumento exponencial de mulheres negras que tem se matado por não suportarem a dor de terem que enterrar seus filhos em sua idade mais produtiva.  Homens negros, despedaçados psicologicamente por não conseguiram salvar seus rebentos da besta, tem consumido endemicamente drogas pesadas; crack, cachaça e cocaína.  As famílias negras estão sendo fraturadas e aniquiladas. A cena é triste e por mais que os hippies planejem “rebeliões” pelas redes sociais e se sintam “chocados” com os pivetes bagaçados com 68 ou 111 tiros, não há espaço para afetação ideológica.

Diante desse quadro de holocausto nós da Campanha Reaja ou Será Morta/ohá mais de 10 anos estamos enfrentando o terror racial nas ruas e colocando por terra a etiqueta racial da submissão. Nos inserimos como combatentes nesse cenário de guerra. Para quem não sabe, e triste do negro/a que não saiba, na Bahia há uma guerra racial de alta intensidade contra a comunidade negra. Essa guerra de alta intensidade tem sido a principal estratégia utilizada pela supremacia branca, de esquerda e direita, para perpetuação, ramificação e interiorização dos multifacetados dispositivos estatais e paraestatais que compõem o continuum Genocídio do Povo Negro. É uma guerra em todos os termos; nos disparos, nos calibres, nas perfurações e na idade prematura dos assassinatos. Uma guerra que possui múltiplas dimensões; físicas, psicológicas, químicas e afetivas.

Essa guerra racial contra negros/as tem se intensificado nos últimos 13 anos diante da intrincada teia de dispositivos militares do governo supremacista branco do PT. Dispositivos diretos e indiretos, diretos como a crescente legitimação institucional de chacinas e massacres como modus operandi na ação policial [3]. Ou dispositivos indiretos; cooptação racial, neutralização e vigilância de organizações radicais negras. Nesses termos na análise que segue trataremos especificamente de um desses dispositivos: as linhas auxiliares da supremacia branca.

O tema das linhas auxiliares foi um debate tático em variados contextos insurrecionais radicais negros, seja de libertação nacional ou na luta por direitos fundamentais. Usualmente o debate se encaixa no contexto da teoria política pan-africanista das elites negras [4], tendo em obras como, Declaramos Guerra ao Inimigo Interno e África deve unir-se, como algumas de nossas referências clássicas para análise em tela. De maneira geral as elites negras; financeiras, intelectuais e burocráticas, mantém o seu status quo racial, às custas de serem mantenedores de uma etiqueta racial da subjugação, que busca a incorporação com as estruturas de poder branco e não sua demolição por completa. Como alerta o antigo líder da organização nacionalista negra Nação do Islã:

“A chamada elite negra, subsiste das migalhas da filantropia branca e do que pode ser espremido ou extorquido do magro rendimento dos operários negros.” (Elijah Muhammad, O Poder Negro)

Diante dessa conjuntura, para os fins organizacionais da presente análise, entendemos por linhas auxiliares ou forças auxiliares, o conjunto de instâncias estatais, paraestatais e da iniciativa privada, que compõem a intrincada rede política de alianças da supremacia branca no contexto específico de uma guerra racial de alta intensidade. As linhas auxiliares sustentam o projeto civilizacional da supremacia branca em momentos de crise. Além de controlar ideologicamente a opinião pública; seja legitimando o projeto genocida em curso; ou subdimensionando o impacto da guerra racial na comunidade negra.

No contexto específico da guerra racial de alta intensidade na Bahia, as linhas auxiliares são essencialmente, a extensa rede de alianças da supremacia branca, composta por partidos políticos, o lobby das ONGs de direitos humanos, o falido projeto político da promoção da igualdade racial, o lobbydos grupos de pesquisas nas universidades públicas e privadas, o lobby do empreendedorismo étnico; que tem jogado nome do honorável Garvey na lama e por fim, o mais recente lobby do “genocídio da juventude negra” ou“extermínio da população pobre e negra”.

No entanto, cabe acentuar que na Bahia do sionista Jacques Wagner e do nazista Rui Costa, o projeto político de promoção da igualdade racial tem se consolidado nos últimos 13 anos como a principal linha auxiliar de sustentação ideológica da supremacia branca de esquerda, democrático-popular. Linha auxiliar essa, que se ramifica por instâncias estatais e paraestatais, mas que tem em dispositivos de rendição racial sua principal incubadora doutrinaria.

É preciso termos plena dimensão do papel tático que as secretarias de promoção da igualdade racial tem exercido no conjunto de políticas ramificadas que estruturam e perpetuam a manutenção do Genocídio do Povo Negro. Essas ditas secretarias dos “negros”, que são na verdade aparelhos estatais de rendição racial tem dado legitimidade ideológica e sustentado politicamente governos supremacistas brancos nos últimos vinte anos.  Até então agiam de maneira subterrânea nas frestas subalternas do aparelho estatal. Entretanto, no último ano, diante do contexto da luta comunitária das mães, pais, familiares e amigos das vítimas da Chacina do Cabula, o papel das linhas auxiliares tornou-se público e notório na sociedade civil. Cabe um breve histórico.

No mês de março (2015) a Campanha Reaja ou Será Morta/o foi recebida em audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, na OEA, para tratar de extermínio de jovens negros no Brasil [5]. Fizemos e defendemos uma petição que condenava o Estado Brasileiro por crime de lesa-humanidade:Genocídio.  O governo supremacista branco brasileiro, representado peloSecretário de Ações Afirmativas da SEPPIR; um homem negro, fez uma longa e exaustiva fala, admitindo a falência do governo em reduzir os índices de desigualdades e letalidade que atinge de sobremaneira o Povo Negro.  Contudo, apesar de apresentar relatórios, protocolos e programas fantasmas o governo saiu derrotado na reunião; não sem antes teatralizar, com a afetação do senhor Breno Costa, representante interino do Brasil junto à OEA, que quebrou o protocolo para mostrar quem é o branco na mesa.

Ainda no mesmo mês, também no contexto da luta comunitária por justiça e reparação de mães, pais e familiares das vítimas da Chacina do Cabula, aconteceu uma reunião amplamente divulgada pela mídia, entre a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do estado da Bahia (Sepromi) e o baixo-oficialato da Polícia Militar, especialmente, com representantes das tropas especializadas, como Rondesp, Caatinga, Peto, entre outras [6].

Essa reunião teve um triplo objetivo tático: 1) formalizar uma parceria interinstitucional entre uma secretaria de promoção da igualdade e a SSP-BA; 2) selar uma aliança operacional entre uma elite negra burocrata e uma elite negra militar; 3) a reunião cumpriu o papel de tentar salvar a imagem pública do governo de Rui Costa, que havia sido abalada politicamente no cenário internacional, diante da nossa fala na audiência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, na OEA. Não foi à toa que a reunião foi amplamente divulgada pela mídia.

A linha auxiliar tentou desautorizar publicamente as graves denuncias que realizamos na Corte Interamericana, além de municiar ideologicamente a corporação policial. Desse modo essas instituições de “promoção da igualdade” tem se qualificado como estruturas formais de rendição e subjugação racial, onde, uma elite negra intelectualmente domesticada em centro de pesquisas e racialmente submetida aos desmandos de uma esquerda branca historicamente racista, tem negociado e colaborado ideologicamente com o Genocídio do Povo Negro no Brasil.

linha auxiliar2

Em agosto mais uma vez as linhas auxiliares foram acionadas pela supremacia branca para neutralizar a luta racial comunitária insurrecional. Dias depois do I Encontro de Formação e Organização Pan-africanista: Contra o Genocídio do Povo Negro e da III Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro,fomos publicamente agredidos em meios de comunicações virtuais, por um texto elaborado por um dos pensadores ideológicos do projeto falido da Igualdade Racial. Como comenta o Dr. Hamilton Borges Walê:

“Foi veiculado recentemente pelas páginas do Geledés, um texto de um ‘ativista’ negro, ex- assessor especial da Seppir que passou todo o governo Lula criticando Matilde Ribeiro e Edson Santos, cujo conteúdo pretende nos difamar, nos desqualificar – nos atacar tal qual um soldado da Rondesp faz conosco todos os dias aqui na Bahia. Age como inimigo, fazendo alegações sem consistência e olhem que ele é o melhor que essa gente perfumada que adora os “puxadinhos” do governo tem. No texto, o ex-assessor não fala uma palavra sobre a polícia que mata negros, sobre o governo que colocou o exército para matar e controlar gente preta na Maré (RJ). Ele pegou um avião, foi para a Bahia buscar palanque em nossa organização construída sem os brilhos dos banquetes governamentais e dessas ONGs negras submetidas ao modelo imposto para facilitar a barganha com seus fundos, agências e governos, organizada do nordeste para o mundo, longe dos holofotes do centro político do país.”  (Hamilton Borges Walê, A Marcha contra o Genocídio do Povo Negro incomoda os inimigos)

Bem como podemos observar, as linhas auxiliares tem um papel preponderante na manutenção da supremacia branca, sobretudo, na perspectiva de manter uma cultura política racial de subjugação e incorporação ao projeto político em curso. Estamos na Bahia, em meio a uma guerra racial de alta intensidade. Somos uma ameaça para supremacia branca e suas linhas auxiliares. Estamos inseridos no submundo da política racial, distantes do controle ideológico da new democracia racial.

Por fim, dirijo-me agora à militância de nossa organização. Nas capitais, cidades do interior, ocupações, assentamentos, quilombos, celas de cadeia, salas de aula, ao povo do hip-hop, aos pivete, as novinhas, aos tios e as tias.  À todo “exército de ratos” que nos acompanham e protagonizam a luta comunitária. Permaneceremos no submundo, acumulando nosso conjunto de métodos comunitários de enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro. Apenas assim conseguiremos erigir nossa Plataforma Pan-africanista de Enfrentamento ao Genocídio do Povo Negro, baseada na centralidade dos programas de serviço comunitários, na auto-organização, na ação direta combativa nas ruas e na autodefesa como princípio estruturante de nossa organização. Não há tempo para distinção intelectual ou afetação ideológica; é tempo de centralidade no trabalho comunitário.  E como disse o coroa cêro: “sem volta, sem voto, sem vacilação”.

Janeiro de 2016

NOTAS

 [1] A Marcha contra o Genocídio do Povo Negro incomoda os inimigos, por Hamilton Borges Walê. Texto na integra em http://bit.ly/1n6Heaq

[2] Salvador e RMS registram quase 30 assassinatos no fim de semana, ver emhttp://bit.ly/1Zq3eZA

[3] Chacinas, massacres e terrorismo racial na Bahia, por Aganju Shakur. Texto na integra em http://bit.ly/235b3IN

[4] Quem tiver mais interesse em compreender o papel de linha auxiliar das elites negras, ver:  Declaramos Guerra ao Inimigo Interno (Samora Machel); O Poder Negro (E.U. Essien-Udon); Uma Questão de Raça (Cornel West); A África deve unir-se (Kwame Nkrumah) e Mensagem ao Movimento Negro (Assata Shakur).

[5] OEA cobra ações para enfrentar genocídio de negros no Brasil, por Lena Azevedo, ver em http://bit.ly/1Q3z8IF

[6] Sepromi e PM formam grupo de trabalho para realizar ações ligadas às questões raciais, Ver em http://bit.ly/1Ki0KW3

[7] Não precisava cuspir no prato, ver em http://bit.ly/1JPgaGn

Compartilhe isso:

  • Twitter
  • Facebook
  • Tumblr
  • LinkedIn
  • E-mail

Curtir isso:

Curtir Carregando...
Follow Anarquia ou Barbarie on WordPress.com

Categorias

Anarco Ecologia Anarco Feminismo Anarco Primitivismo Anarcosindicalismo Anarquia Anarquia Verde Anti Capitalismo Anti Consumismo Anti Fascismo Anti Homofobia Anti Machismo Anti Misoginia Antirracismo Anti Transfobia Análise de Conjuntura, Partidos, Institucionalidade, Aquecimento global - Mudanças climáticas Comunicação Libertária Curdistão/Kobane Experiências anarquistas Feminismo e Transfeminismo Feminismo intersecional História Internacional anarquista Manifestações Organização de base Presos Políticos Prática Revolução Sem categoria Teoria

Anarcolinks

  • A.N.A – Agência de Notícias Anarquista
  • Anarkismo.net
  • Coordenação Anarquista Brasileira (CAB)
  • Federação Anarquista do Rio de Janeiro – FARJ
  • Federação Anarquista Gaúcha – FAG
  • Federación Anarquista de Rosário
  • Federación Anarquista Uruguaya – FAU
  • GAIA – Justiça Ecológica
  • Liga Anarquista – RJ
  • Literatura Anarquista
  • Portal Anarquista – Coletivo Libertário Évora
  • Protopia
  • Solidaridad Kurdistán
  • Solidariedade à Resistência Popular Curda
  • Unio Mystica

Curta Nossa Fan Page

Curta Nossa Fan Page

Siga-me no Twitter

Meus tweets

Calendário

dezembro 2019
D S T Q Q S S
« mar    
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031  

Tags

23 presos a anarquia é a mais alta expressão de ordem anarco anarco-ecologia anarco-sindicalismo anarcoecologia anarcofemin anarcofeminismo anarcoprimitivismo anarquia anarquia e arte anarquia e feminismo Anarquia em Portugal anarquia e ordem Anarquia na América anarquia na América do Sul anarquia na américa Latina anarquia na Espanha anarquia na Europa anarquia no reino unido anarquia nos EUA anarquia no século XXI anarquia ou barbarie anarquia verde anarquismo anarquismo na grécia anarquismo verde anarquistas Anti Fascismo Análise de conjuntura arte arte de luta arte e luta Bakunin bookchin cinema confederalismo democrático Curdistão Curdistão livre curdos ecofeminismo ecologia educação libertária emancipação feminina estado repressor feminismo feminismo curdo grécia História história da anarquia História do Anarquismo História Social indígenas Kobane kurdistan Malatesta manifestantes presos milícia curda mulheres curdas Municipalismo Libertário Murray Bookchin perseguição internacional PKK presos presos político presos políticos PT repressão repressão internacional revolução Rojava Teoria teorias anarquistas ypg YPJ

Anarquivos

Cancelar
loading Cancelar
Post não foi enviado - verifique os seus endereços de e-mail!
Verificação de e-mail falhou, tente novamente
Desculpe, seu blog não pode compartilhar posts por e-mail.
Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
%d blogueiros gostam disto: