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anticapi, constituição, demarcação, demarcação de terras, ecologia, indígena, mobilização, povos indígenas, questão indígena, Sustentabilidade, unesco
27 quinta-feira ago 2015
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03 segunda-feira ago 2015
Posted Agroecologia, Anarco Ecologia, Anarquia Verde, Ecologia
inTecnologia Verde e Energia Renovável – O Mito da Sustentabilidade
A Sustentabilidade Está Destruindo a Terra – Kim Hill
01 sábado ago 2015
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Anarco ecologia, anarco primitivismo, anarquia verde, Anti Capitalismo, Anti Consumismo, ecologia, Sustentabilidade
Por Joshua Headley – Deep Green Resistance New York
“Sustentabilidade” é uma palavra de ordem que está presente em quase todos os círculos de justiça ambiental e social hoje em dia. Quanto mais frequentemente ela é usada, mais raramente aqueles que a usam articulam o que estão defendendo. E sendo o termo aplicado de forma compulsiva, e ao mesmo tempo de forma indefinida, ele torna impossível que nossos movimentos sejam capazes de definir e concretizar objetivos, muito menos avaliar as estratégias e táticas que empregamos para alcançá-los.
Sob a superfície, os movimentos pela sustentabilidade têm se tornado predominantemente espaços onde sensibilidades bem-intencionadas são transformadas em gestos vazios e regurgitações de ideais desarticulados por mera obrigação para com nossa identidade como “ambientalistas” e “ativistas”. Falamos de “sustentabilidade” porque se não falarmos disso, a nossa legitimidade e nosso trabalho seriam completamente desacreditados. Mas tão destrutivo quanto não falar sobre essa palavra, também é não defini-la corretamente.
Quando não articulamos nós mesmos os nossos ideais, não apenas permitimos que os outros nos definam, mas também damos espaço para que premissas destrutivas continuem incontestadas. O verniz da maioria dos movimentos de sustentabilidade ambiental começa a definhar quando reconhecemos que a maioria de suas premissas básicas essencialmente imita exatamente as forças as quais alegam se opor.
Substitutividade Infinita
Atualmente, a cultura dominante baseia-se em várias premissas – seja a crença no crescimento infinito e no progresso, o mito das proezas tecnológicas e da superioridade humana, ou até mesmo a noção de que esta cultura é a forma mais bem sucedida, avançada e igualitária de vida que já existiu.
Essas premissas muitas vezes se combinam para formar a base da crença ideológica na substitutividade infinita – a crença de que quando ocorre uma crise, nosso ingenuidade e criatividade humana sempre será capaz de nos salvar, substituindo nossos recursos e sistemas em desintegração por outros novos.
E, de modo geral, a maioria de nós aceita isso como verdade e nunca questiona ou se opõe à introdução de novas tecnologias/recursos em nossas vidas. Nós nunca questionamos a quem estas tecnologias/recursos beneficiam realmente ou quais podem ser seus efeitos materiais. Nós nunca nos perguntamos por que precisamos de novas tecnologias/recursos e nunca pensamos sobre quais são os problemas que elas pretendem resolver ou, mais precisamente, esconder por completo.
A grande barreira para chegar a estas perguntas é o fato de que a maioria de nós se identifica com este processo mesmo apesar do fato de que ele está causando a nossa própria expropriação. A cultura da alta-energia/alta-tecnologia produziu uma dependência multi-geracional pela capacidade desta cultura de “progredir” de uma tecnologia/recurso para outro, de uma crise para outra. Sem esse processo contínuo, a nossa cultura e todo o nosso modo de viver no mundo de hoje entraria em colapso e seria incapaz de existir.
Não seria a própria presença desta cultura um testemunho ideologia? O que é o progresso da civilização senão a substituição (forçada) de outras culturas pela dela? A substituição da diversidade biológica e cultural pela assimilação por meio da monocultura?
O caminho do progresso é o caminho da substituição infinita de culturas, tecnologias, recursos, espécies e ecossistemas inteiros para a manutenção de uma forma específica de vida, para uma determinada espécie – humanos. Em apenas algumas centenas de anos a civilização industrial deu a volta ao mundo e destruiu sistematicamente o próprio tecido da vida que torna possível sua existência.
Povos, línguas, culturas, histórias, histórias, artefatos, medicamentos, ferramentas, relacionamentos, espécies e ecossistemas foram inteiramente conquistados, destruídos e apagados para dar espaço e prioridade para a monocultura de violência, exploração, dominação e crescimento sem fim – tudo isso sob o pressuposto de que este é, progressivamente, o melhor que podemos fazer como seres humanos inteligentes.
Vamos entender como essa cultura e as suas classes dominantes perseguem o princípio da substitutividade infinita com propósitos de “sustentabilidade”. Para manter nosso padrão de vida, para sustentar o progresso e crescimento, e para sustentar a economia industrial. O princípio baseia-se na premissa de que se investirmos nossos recursos atuais em pesquisa e desenvolvimento de alternativas podemos resolver todos os problemas relacionados com a escassez de energia e de matérias-primas, infinitamente – não há limite para a criatividade e para a ingenuidade humana quando se trata de resolver problemas.
Um dos maiores problemas deste princípio, apesar do título, é que é, na verdade, difícil de aplicá-lo infinitamente. Como é discutido em O Colapso de Sociedades Complexas de Joseph Tainter, a margem de custos de pesquisa e desenvolvimento tem crescido tanto que é questionável se a inovação tecnológica será capaz de contribuir para a solução de problemas futuros tanto quanto foi capaz de solucionar os problemas passados.
“Considere, por exemplo, o que será necessário para resolver os problemas de alimentação e poluição. Meadows e seus colegas observaram que, para aumentar a produção de alimentos em 34 por cento de 1951 até 1966 foram necessários aumentos de 63 por cento em gastos com tratores, de 146 por cento em fertilizantes à base de nitrato e 300 por cento em pesticidas. O próximo 34 por cento de aumento na produção de alimentos exigiria ainda maiores quantidades de capital e recursos. O controle da poluição mostra um padrão similar. A remoção de todos os resíduos orgânicos de uma fábrica de processamento de açúcar custa 100 vezes mais do que a remoção de 30 por cento. A redução 9,6 vezes de dióxido de enxofre no ar de uma cidade dos Estados Unidos, ou de 3,1 vezes de particulados, eleva o custo do controle em 520 vezes”. [1]
E já vemos a maior parte disso dentro da indústria de combustíveis fósseis. Desde 2005 a produção mundial de petróleo e gás convencionais estagnou – e já começou até mesmo a diminuir em muitas partes do mundo. Isto forçou a indústria a substituir os métodos convencionais de produção de petróleo e gás por métodos “não convencionais” extremamente destrutivos, o que não só aumentou significativamente a quantidade de gastos necessários para a produção, mas também aumentou os seus riscos e impactos ambientais.
Com isso, temos que perfurar cada vez mais fundo em busca dos recursos mais difíceis de alcançar, e que também são mais sujos e menos desejáveis do que seus antecessores, que exigem cada vez mais processamento e desenvolvimento para que o produto final possa ser vendido no mercado e utilizado em nosso dia a dia. Os custos, econômicos e ecológicos, estão subindo rapidamente e os retornos sobre esses investimentos são marginalmente menores do que suas contrapartes convencionais. Eventualmente, a busca destes recursos não será mais economicamente viável, e assim, mais gastos serão dedicados à pesquisa e desenvolvimento de mais uma alternativa a um custo mais elevado e com retornos ainda menores.
Este é um ciclo vicioso que está transformando toda a vida no mundo em mercadorias mortas que, por basear-se em um princípio de substitutividade infinita, nunca vai acabar a não ser que nós a forçamos.
DEFINA SUSTENTABILIDADE
O princípio da substitutividade infinita permeia toda a nossa cultura, vai além de seu uso comum pelas classes dominantes e pela indústria de combustíveis fósseis. De fato, analisando as alternativas atualmente propostas e discutidas ao longo de todo o movimento por sustentabilidade, vemos que elas estão igualmente vinculadas à mesma lógica – seja inconscientemente ou conscientemente.
A típica conversa a respeito de um futuro sustentável é geralmente baseada em algumas premissas fundamentais: (1) a nossa sociedade atual é inerentemente insustentável; (2) nós temos os recursos e a tecnologia para pesquisar e desenvolver alternativas; e (3) as energias renováveis, como a energia solar e eólica, podem fornecer energia suficiente para sustentar os padrões atuais de vida. Muitas vezes, nenhuma dessas premissas são esclarecidas, muito menos umas avaliadas criticamente ou desafiadas.
Até mesmo para começar a discutir sustentabilidade de uma forma definida, concreta, precisamos deixar claro o que queremos dizer. Indústrias e governos geralmente afirmam que as ações que tomam são medidas concretas rumo à sustentabilidade. Mas será que nós realmente acreditamos neles? É óbvio que a única coisa que realmente desejam é manter o seu poder.
Então, o que “sustentabilidade” significa no contexto de um movimento ambientalista?
Nós rapidamente reconhecemos que nossa sociedade atual é inerentemente insustentável por meio da óbvia realidade de que nossa sociedade, em sua busca por crescimento infinito em um planeta finito, simplesmente não pode durar para sempre e está rapidamente esgotando a capacidade da Terra de sustentar a vida das futuras gerações.
Nesta definição, a meta da sustentabilidade não é descobrir como manter as estruturas e modos de vida atuais no futuro, mas sim, descobrir como manter a possibilidade de vida pelas várias gerações futuras que virão. Estas são duas definições distintas, com implicações e objetivos divergentes.
Quando o nosso movimento se baseia na premissa de que temos os recursos e tecnologia para pesquisar e desenvolver alternativas, estamos essencialmente nos desviando dos problemas reais. Esta premissa, que permanece inquestionada, apóia a idéia de que simplesmente substituindo recursos cada vez mais escassos, desatualizados e destrutivos por recursos mais equitativos, benéficos e progressivos (por exemplo, energia solar e eólica) podemos resolver, sem rodeios, a atual crise ecológica. Pelo seu valor superficial, é difícil ver como essa premissa diferente da indústria de combustíveis fósseis e do princípio da infinita substitutividade.
Neste momento, a energia retornada por energia investida (EROEI) de quase todas as energias “renováveis” é significativamente baixa em comparação com os combustíveis fósseis, ainda mais baixa do que a maioria dos processos de extração não convencionais, como a perfuração em águas profundas, o fraturamento hidráulico, a remoção do cume de montanhas e a produção de petróleo de areias betuminosas. A indústria espera poder continuar usando essas práticas até que se tornem economicamente inviáveis ou até que o EROEI dessas fontes caia abaixo do de energias “renováveis”, um processo que já podemos ver que está em desenvolvimento já algumas empresas multinacionais já estão incentivando esta transição.
Se reduzirmos as nossas metas de sustentabilidade a uma questão de substituição, e seguirmos com a premissa de que as energias renováveis podem fornecer energia suficiente para sustentar os padrões de vida atuais, estaremos aceitando acriticamente a idéia de que nossos padrões de vida atuais são aceitáveis e ideais para o futuro. Isso não só apaga completamente a história de violência que fornece o alicerce esse modo de vida, mas também, em última análise, sugere que essa violência deve continuar a fim de elevar o resto do mundo a estes padrões.
Devemos fundamentalmente nos perguntar: estamos tentando manter o nosso padrão de vida de alta-energia/alta-tecnologia (que está, sem dúvida, destruindo o planeta), ou estamos tentando sustentar a capacidade do planeta de ser propício a toda a vida?
O ponto aqui não é afirmar que não devemos procurar alternativas ou construí-las, mas que devemos ter cuidado para não cair na lógica da cultura dominante a qual alegamos nos opor. Quando nossas soluções começam a soar quase idênticas às soluções propostas pelas classes dominantes, devemos nos preocupar. Talvez a solução não esteja enraizada na substituição de tecnologias/recursos por outros novos, mas sim, no abandono completo dessas tecnologias/recursos.
Será que vamos entender, como fizeram algumas sociedades no passado, que o custo de superar nossos problemas é muito alto em relação aos benefícios conferidos? Será que vamos entender que não resolver o problema de tecnologia/recursos de nossos altos padrões de vida é a opção mais econômica e justa?
Referências:
[1] Tainter, Joseph. The Collapse of Complex Societies, pg. 212
[2] Catton Jr., William. Destructive Momentum: Could An Enlightened Environmental Movement Overcome it?
18 quarta-feira mar 2015
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