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Por Amed Dicle.
Postado em Resistência Curda, em 22/07/2015
As jovens pessoas que morreram ou foram feridas em Suruc tinham um propósito: Ir à Kobane e participar da reconstrução da cidade. Os membros da Federação das Associações da Juventude Socialista (SGDF) emitiram uma declaração à imprensa antes da ida a Suruc, portanto, havia um mês que era de conhecimento público que estas pessoas estavam se preparando para ir.
Os residentes de Suruc, jovens e representantes de organizações não-governamentais receberam xs jovens em Suruc. Eles se encontraram com o governador do distrito e disseram que eles gostariam de atravessar para Kobane. O governador do distrito os manteve esperando dizendo que apenas alguns deles poderiam atravessar em detrimento do grupo todo.
O sangrento ataque em Suruc ocorreu após xs jovens fazerem uma declaração à imprensa no Centro Cultural Amara em resposta à prevenção do governador do distrito.
Nós devemos, então, fazer as seguintes perguntas em relação ao ataque:
- A polícia compreensivelmente procurou xs jovens enquanto eles estavam se dirigindo ao Centro Cultural Amara. O ponto de controle da polícia estava a 200 metros de distância de Amara, e a polícia poderia ter montado o ponto de controle mais próximo ao centro cultural. A polícia montou o posto de controle a 200 metros de distância de Amara para que, desta forma, eles não se ferissem pela explosão?
- Como o homem-bomba do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) entrou no centro cultural em um ambiente onde a polícia revistou cada notebook, câmera e até os lápis dxs jovens chacinados?
- Como a inteligência Turca, que vigia todos lugares em Suruc incluindo o Portão de Fronteira Mürşitpınar, foi capaz de “não ver” o membro do ISIS?
- Como foi possível para a polícia não identificar o membro do ISIS apesar do fato de o Centro Cultural Amara estar localizado próximo a um posto policial?
- Por que os policiais atacaram os civis que estavam carregando as pessoas feridas ao hospital? Seria pelo motivo de que eles queriam que os feridos também morressem?
- Quantas célular do ISIS existem dentro e nos entornos de Suruc? O estado está ciente destas células?
- Por que os corpos foram examinados pelos forenses de Antep ao invés dos forenses de Urfa? O que eles estavam tentando esconder?
- Existem declarações de testemunhas que alegam que haviam dois atacantes, um homem que explodiu a bomba e uma mulher que se feriu, esta mulher atualmente está sob a custódia da polícia. Quem é a mulher que atacou, nascida em 1995 em Sivas, quem está sendo detidx sob a custódia da polícia? Por que os oficiais falharam ao fazer uma declaração sobre este assunto?
O questionado sobre estas perguntas foi o Estado, e suas respostas são óbvias.
Muitas pessoas previram os ataques após a liberação de Girê Spî(Tel Abyad) pelas Unidades de Proteção Popular (YPG). Como as filmagens confirmam, os grupos do ISIS escaparam de Girê Spî e cruzaram para Akçakale livremente e felizes. Poucos depois, a Agência de Notícias Dicle (DİHA) e outros órgãos mídiáticos da oposição documentaram o quartel general do ISIS em Akçakale. DİHA também comunicou a formação de uma célula do ISIS em Ceylanpınar dois dias atrás.
Girê Spî foi uma pesada derrota para o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) e para o ISIS por que a logística através do portão da fronteira era providenciada aqui. Os oficiais do AKP tornaram público seu descontentamento em relação à liberação de Girê Spî, e Erdoğan disse que eles não ‘observariam parados’ o que estavam se desdobrando. Eles agora estão tentando se vingar pela liberação de Girê Spî no Norte do Curdistão. Quando o ISIS foi derrotado em Rojava, eles trouxeram a guerra para o lado deles da fronteira. Eles estão repetindo o ataque à Kobane de 25 de junho em Suruç, Urga e Diyarbakır. O brutal massacre em Suruç mirou o modelo democrático e livre desenvolvido em Rojava e as pessoas em solidariedade com o Movimento de Liberdade Curdo.
Nós estamos em uma situação perigosa ao passo que Erdoğan e seus partidários do AKP colocam em prática o ódio que acumularam após sua derrota em Rojava assim como nas eleições de 7 de junho. Nós não podemos apelar para tiranos; o Estado não irá proteger os civis e as instituições do ISIS. É o ISIS que o Estado e as Instituições protegem e toleram. Esta situação atual torna a autodefesa mais crucial do que nunca.
Como podemos organizar nossa autodefesa?
- Legitimar a autodefesa é um assunto sério e importante. Nós devemos organizar isto sistematicamente e sem pânico, sem confiar no Estado.
- Nós não devemos deixar a segurança nas mãos dos oficiais de polícia em ações coletivas que tem lugar em cidades fronteiriças assim como em centros urbanos como Amed. É mais provável estar sob o ataque do ISIS em áreas onde existe intensa presença policial. Centenas de civis podem formar círculos de segurança para autodefesa.
- O perigo persistirá enquanto as células dos ISIS existirem. Portanto, jovens devem tomar a iniciativa e eliminar as células do ISIS operando sob o disfarce de organizações de ajuda e jornais.
- Organizações não governamentais, políticos democráticos, parlamentares, e a imprensa devem esclarecer sua postura em relação ao quartel general do ISIS na fazenda TİGEM em Akçakale. Parlamentares e ONGs devem expor o porquê de TİGEM estar fechada aos civis.
Fonte: Kurdish Question, texto original disponível em: http://kurdishquestion.com/index.php/kurdistan/north-kurdistan/amed-dicle-asks-important-questions-about-suruc-massacre/1037-amed-dicle-asks-important-questions-about-suruc-massacre.html
Tradução: Fábio Donato de Almeida Tardim, 21/07/15 às 23:50